um dia
um dia o corpo acende os olhos
e tudo aconteceu
não viu Ipanema aos domingos
e o samba na Lapa
um dia o corpo acorda
acendido por uns olhos
ou pelo mar
e acha graça em si mesmo
um dia o corpo ri desatado
na plenitude de o ser
porque o tempo é uma invenção
da qual ninguém escapa
mas tomamos a vida nas mãos
e a bebemos
silvia chueire
Se os dias, as palavras, os afetos a subirem-me pela face forem generosos e o meu olhar agudo,talvez escreva um poema, um conto. Por ora são anotações esparsas. In the meadow. Ao som do mar.
quarta-feira, 26 de dezembro de 2007
quarta-feira, 19 de dezembro de 2007
sábado, 15 de dezembro de 2007
terça-feira, 11 de dezembro de 2007
o passo adiante
dar o passo adiante
todos os dias.
a náusea causada pelo excesso
a embaraçar-te os pés,
o precipício de cada minuto
a estrangular-te .
o que há de movimento organizado,
aleatório,
ou apenas ansiedade,
no mundo.
nesse excesso gigantesco que é o mundo.
o que há de sem sentido e louco
neste espaço de acasos,
neste espaço de ausências,
de vozes entrecruzadas e surdas,
os desencontros minando tudo.
o que há de vertigem
nas bordas de cada corpo gratuito,
cada minuto afundando-te
na angústia.
nestas horas de impuro silêncio,
sem mãos a te ampararem,
sem olhos a perceberem as mãos.
o que há de repentino terror
no assalto das sensações,
no florescer abrupto dos sentimentos
parados
frente ao humano trêmulo que és,
a desejar a morte.
a morte antes de tudo o mais,
porque a vida é uma impossibilidade constante,
dar o passo adiante, um peso insuportável.
silvia chueire
dar o passo adiante
todos os dias.
a náusea causada pelo excesso
a embaraçar-te os pés,
o precipício de cada minuto
a estrangular-te .
o que há de movimento organizado,
aleatório,
ou apenas ansiedade,
no mundo.
nesse excesso gigantesco que é o mundo.
o que há de sem sentido e louco
neste espaço de acasos,
neste espaço de ausências,
de vozes entrecruzadas e surdas,
os desencontros minando tudo.
o que há de vertigem
nas bordas de cada corpo gratuito,
cada minuto afundando-te
na angústia.
nestas horas de impuro silêncio,
sem mãos a te ampararem,
sem olhos a perceberem as mãos.
o que há de repentino terror
no assalto das sensações,
no florescer abrupto dos sentimentos
parados
frente ao humano trêmulo que és,
a desejar a morte.
a morte antes de tudo o mais,
porque a vida é uma impossibilidade constante,
dar o passo adiante, um peso insuportável.
silvia chueire
domingo, 9 de dezembro de 2007
Contextualizar
O poema é aleatório e chama.
Não sei porque chama,
porque arde,
nem como as palavras nascem
na cabeça e nas mãos
que se apressam a segui-la.
Nem como se organizam
as pequenas habitações do olhar,
palpitando sonoras,
vivas,
a me empurrarem para ele.
Não sei o modo do som
a me tomar a voz.
Só sei o relâmpago
a encher as folhas de palavras.
A paixão.
Silvia Chueire
O poema é aleatório e chama.
Não sei porque chama,
porque arde,
nem como as palavras nascem
na cabeça e nas mãos
que se apressam a segui-la.
Nem como se organizam
as pequenas habitações do olhar,
palpitando sonoras,
vivas,
a me empurrarem para ele.
Não sei o modo do som
a me tomar a voz.
Só sei o relâmpago
a encher as folhas de palavras.
A paixão.
Silvia Chueire
quarta-feira, 5 de dezembro de 2007
dá-me a tua mão
dá-me a tua mão,
para que eu possa decifrar
contigo o mistério
segredado pela noite,
agarrada aos corpos dos amantes.
este mistério que já nos passou,
cada um a seu tempo;
um sopro,
e se perdeu de nós.
dá-me tua mão,
para caminharmos loucamente
a rir do que se foi
e não nos pesa na memória.
dá-me tua mão,
para esquecermos tudo,
no oceano as cabeças
mergulhadas;
os corpos.
silvia chueire
dá-me a tua mão,
para que eu possa decifrar
contigo o mistério
segredado pela noite,
agarrada aos corpos dos amantes.
este mistério que já nos passou,
cada um a seu tempo;
um sopro,
e se perdeu de nós.
dá-me tua mão,
para caminharmos loucamente
a rir do que se foi
e não nos pesa na memória.
dá-me tua mão,
para esquecermos tudo,
no oceano as cabeças
mergulhadas;
os corpos.
silvia chueire
sábado, 1 de dezembro de 2007
sobre acontecer
os dias são um vazio estranho,
tempo sem significado.
os olhos olham perplexos para a vida,
infamiliares com a ausência de acontecimentos.
chove mas não há ruídos,
faz sol mas não há calor,
fala-se e não se ouve voz,
dão-se passos na imobilidade.
tudo é ar parado,
reincidência de rotinas.
as perguntas teimam e teimam,
a nos beliscarem o corpo.
o que é um acontecimento,
a construção do tempo?
silvia chueire
os dias são um vazio estranho,
tempo sem significado.
os olhos olham perplexos para a vida,
infamiliares com a ausência de acontecimentos.
chove mas não há ruídos,
faz sol mas não há calor,
fala-se e não se ouve voz,
dão-se passos na imobilidade.
tudo é ar parado,
reincidência de rotinas.
as perguntas teimam e teimam,
a nos beliscarem o corpo.
o que é um acontecimento,
a construção do tempo?
silvia chueire
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