sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Todos os dias

Todos os dias murmuras uma prece,
os lábios concentrados
em movimentos miúdos.

Todos os dias dizes seu nome sem perceberes.
Gravado na pedra da memória,
ele te vem à boca,
em chamas.

Todos os dias estremeces
a despeito da tua indiferença.
Inconfidente,
teu corpo te lembra que existes.

Silvia Chueire

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Acabar

O poema não sabe
se o ano está acabando
e desembaraça palavras
há muito caladas no meu peito.

Perco-me entre elas,
a baterem-me sobre os olhos
feito música,
e o tempo
- que pode ser todo ou nenhum,
mas pulsa.


Silvia Chueire


sábado, 2 de janeiro de 2010

Reveillon

Tenho os olhos mergulhados no céu
e flutuando pelo champanhe recém aberto;
Paco de Lucia dedilha Río de La Miel
e o poema vai tomando seu lugar entre os meus dedos.

Entre os meus dedos e a tela e a palavra e o desejo.

Lá fora o frisson dos fogos de artifício,
a ansiedade, a festa arrebatam a cidade.

Aqui a guitarra, castanholas
e a mulher a colher umas palavras.


Silvia Chueire

  Caos   Pandemônio instalado; as pessoas agarram sua sanidade a correr rua abaixo.   Há uma cachoeira -de mentes – a galope n...