terça-feira, 11 de julho de 2006

Recreio dos Bandeirantes : praia - posto 10


Cartola


Entende o que sinto,
em quantas vozes torna-se a minha
desfraldada na manhã.
O sal na boca
o mar a dizer-se em ondas
quando se intromete
teu samba nos meus quadris
contidos pela hora.

Entende o que digo
quando digo que não morres
a cada vez que canto
acompanhando o ritmo
quase alucinação
de me olhares ternamente,
irmamente.
Ao meu lado o teu carinho
desfiado nos palavras da canção
que criavas.
O tempo subindo-nos pelas pernas,
o silêncio negro que interrompes,
subindo a serra na madrugada.

Entende o que canto
quando digo que a harmonia
deste samba é nossa.
Não se divide o nosso samba, meu amor.


Silvia Chueire

7 comentários:

hfm disse...

Palavras? as tuas que se devem ler, ler, ler.

dade amorim disse...

gostei de ver, o samba in the meadows! muito bom, sílvia, bom mesmo. beijos pra você

Anônimo disse...

Perfeito, Sílvia. Um dos melhores que já li por aqui.

Sds

George Cassiel disse...

Parabéns pelo destaque no blog da Meg! Bj

RodD disse...

... olha lá, que samba de paixão. e nada o interrompe mesmo, nem o divide, embora possamos escutar longe a cadência. bom!

Maira Parula disse...

teus poemas são doces, suaves e tristes. aquele encantamento que só quem subiu a serra de madrugada sabe. aguardo publicações no Brasil. a editora 7letras publica, mas acho q a gente tem de bancar parte da edição. pense nisso ou corra atrás, muié. neste país poesia é café pequeno. as editoras comerciais não se interessam mesmo, mas quem sabe? o importante é ser lido, mesmo q por um público pequeno. é isso. superbeijo pra vc.

Ilidio Soares disse...

Entendemos, Silvia. Entendemos direitinho. Eu, euzinho, talvez seja o único que não entende que o samba não pode ser dividido. No caso aqui eu consigo fazê-lo. Certamente porque eu não gosto de samba, mas das divisões, essas básicas em todos os ritmos. rs.
bjos e inté mais

Ilidio

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