respirar a cidade
respiro a cidade
com a força de quem não a quer deixar fugir,
a intenção firme de trazê-la
um pouco mais para mim.
não a perder,
tê-la sob a pele.
a luz, o espetáculo do rio,
os telhados numa alegoria da vida
que percorre as ruas e os sorrisos,
as casas e a melancolia.
respiro a cidade
- o país -
com a determinação de manter a memória
viva, a cidade pulsando
no meu corpo,
os rostos dos amigos brilhando
na noite, as garrafas de vinho
e as palavras ouvidas nos dias.
nos dias o sol e a chuva
a produzirem novas cores.
respiro a cidade
antes de deixá-la,
levo-a comigo.
silvia chueire
Um comentário:
[3ª tentativa de comentário:] Sim: as cidades de que gostámos, ou imaginámos gostar, é assim que devem ser guardadas: sob a pele.
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