segunda-feira, 31 de março de 2008

Christian McLeod - the Window














ao fim do inverno

tomou o tanto na floração das cerejeiras
entregou-se ao seppuku

no brilho da lâmina
restou sua desonra

sobre as flores
fulgia um templo


silvia chueire

quinta-feira, 27 de março de 2008

dois poemas curtos

cimitarra

a lua é uma cimitarra
rasga o céu
sangra no mar

tudo mais
é silêncio


silvia chueire



plausível

a sombra da tua ausência
a conversar comigo
na hora inusitada do dia

como se fosse ela
- ou eu? -

a (ir)realidade mais plausível

silvia chueire

domingo, 23 de março de 2008

pássaros e peixes

nossas bocas mergulhadas,
nossos sexos,
elevando-nos
a pássaros ou peixes
no corte agudo do tempo.


silvia chueire

quinta-feira, 20 de março de 2008

dois poemas curtos

lembrança


às vezes a tua lembrança é suave
apenas pousa na tarde
e acaricia a minha pele.


silvia chueire



desalento

quantos corpos percorrerás
desalentado
por não me encontrares
neles?


silvia chueire

segunda-feira, 17 de março de 2008

encontro

meu corpo é líquido
a água é seu meio natural
não seu habitat
ou um retorno no tempo

o mergulho do corpo na água é o encontro
a indizível sensação de pertinência


silvia chueire

domingo, 16 de março de 2008

um poema de 2004

se

se todas as palavras forem gestos
e todos os gestos, corpo e alma
e todo corpo e alma for delírio
e todo delírio, gozo
e todo gozo for abismo
e todo abismo, nossa natureza
e toda natureza for palavras

e todas as palavras novamente gestos
e todos os gestos, canções
e todas as canções, amor
e todo o amor for vida
e toda vida for suspiro
e todos os suspiros, sentimento
e todo sentimento, poema
e todo poema, o sentido
ajoelhado frente à brevidade
de todas as coisas


aí então, tudo terá valido a pena


silvia chueire

quarta-feira, 12 de março de 2008

hibiscos

hibiscos-ismael-forum click gratis


















a flor entreaberta e rósea do hibisco
entregue ao verde das folhas

fascínio e delicadeza
a se abrirem para o mundo


silvia chueire


quinta-feira, 6 de março de 2008

nem uma palavra

nem uma palavra se move
entre as minhas mãos,
nem acena um gesto;
o silêncio é uma longa noite sem lua.

ladram lá fora os cães
inquietos com o escuro
e as sombras que se movem no escuro
à luz escassa de uma janela solitária.

cá dentro ladra a angústia.
na calada das horas
mesmo o pensamento é furtivo.
tudo é ausência, sem recurso.


silvia chueire

Noite com lua sobre a Rocinha

silvia chueire-câmera de 2.0 megapixel

Crepúsculo na praia de São Conrado


















fotografia tirada com o celular ( apenas 2.0 mega pixel)

domingo, 2 de março de 2008

dois poemas breves

tocar

tens as mãos não-mãos
a língua as palavras
o sonho
que me tocam
tanto

e tão
inevitavelmente


silvia chueire



jasmins


é madrugada, o verão ignora
que o inventamos
e o inesperado perfume dos jasmins
cola-se às calçadas, às pessoas,
desatando a memória de outras noites.

no sorriso do reencontro
com a cidade, o encantamento.


silvia chueire

  Caos   Pandemônio instalado; as pessoas agarram sua sanidade a correr rua abaixo.   Há uma cachoeira -de mentes – a galope n...