segunda-feira, 29 de outubro de 2007

anoitecer

anoitece de todas as maneiras,
a escuridão imiscuída entre as ruas
é um silêncio de ausências e omissões.
caem as casas na cidade desolada,
caem os pensamentos
feito espinhos,
e os homens recolhem-se à melancolia,
à consciência áspera das coisas.


não há redenção no amor
quando a pele a descolar dos ossos
é um vento a invadir cada minuto .


silvia chueire

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

marés

o mar a habitar o corpo
entregue a ti todos os dias
o sonho

o amor entrelaçado às pernas,
entregue ao sonho todos os dias,
o oceano

o sonho a habitar o amor
entregue à vida todos os dias
o corpo

o amor, o corpo,
o sonho, a ir e vir,
o oceano


silvia chueire

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

faca

a dor metida nos teus olhos
é uma faca.

olho-te
- quando não vês –
e espero que se vá a tempestade
que te cresceu nas mãos

se há que sofrer
a mim deviam caber estes dias
a dor não deve ser uma possibilidade
na vida dos filhos

facilmente tomaria para mim
a tua angústia
ver-te sorrir
é todas as coisas nos seus lugares


silvia chueire

sábado, 6 de outubro de 2007

verão

o sol abre o dia,
canta e canta nos meus cabelos
e sobre a pele.
acordo como se fosse ontem a noite
profundamente embalada
pela memória.

há um corpo inquieto
que fala da tua falta
e aconchega-a contrariado
entre os seios
e uns acordes de jazz.

cruzam em mim notas do cello,
uns agudos de violino
junto a frases melancólicas
que as mãos pretendem escrever.

mas o sol é impiedoso,
a tudo descobre e aquece
enquanto azula o mar.
azula-me
e canta uma canção outra.

deixo-me estar em silêncio,
o corpo aquecido
a dizer-me em alta voz:
vem novamente o verão.


silvia chueire

  Caos   Pandemônio instalado; as pessoas agarram sua sanidade a correr rua abaixo.   Há uma cachoeira -de mentes – a galope n...