sábado, 17 de novembro de 2007

neo-real

o poema passeia pela cidade
tropeçando nas pernas dos transeuntes.
deambula cheio de hesitação,
a pensar se o revólver
carregado pelo menino
-e sua vida curta-
estará em algum verso.

a duvidar que a existência
vivida no ápice do desprezo pela vida,
na ponta de uma bala,
contenha em si algum lirismo.
talvez um violento lirismo neo-real
que dá a mão aos dramas mais comuns.

lá os dias são facas.


silvia chueire

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