segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Deserta

Caminhas na tua angústia enclausurada
no apartamento às três e cinco da manhã
e dizes : basta!
A cidade e o mar te olham desesperançados,
teus olhos se encontram com os deles a cada poema
que te escapa .

O sangue sobe-te à face,
não sabes se estás zangado
ou triste.
Algo te martela a pele
a pedir-te expressão,
sem possibilidades.
Não, dizes. Basta!

Mas dizer basta não te acalma a inquietude,
desejas o poema.

Afinal, o que é o poema
senão a tua voz a mostrar-te
que há vida ?

Calas-te.
Nada podes fazer,
não sabes onde se encontra o poema;
sequer sabes onde te encontras
na vida repentinamente deserta.

Silvia Chueire

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