escuta
escuta o que te digo.
escuta através das palavras,
além delas,
o outro lado do muro.
escuta a ternura .
não te atenhas ao rabisco das letras,
à sonoridade,
ou à forma.
escuta as outras canções que canto,
o colo ofertado sem medo,
as palavras a brotarem
das minhas mãos,
da minha pele ,
do meu sexo.
escuta os gestos , os braços,
as coxas trêmulas,
as palavras indizíveis,
as ditas,
as obscenas.
escuta a flor que renasce
e não diz versos, mas deseja.
e desejando encontra a poesia
a liberdade da paixão,
o poema.
escuta o que digo
para além do poema.
o olhar oceânico,
de quem sorri e chora
e não sabe ainda nada.
escuta-me
ou nunca saberemos
o que poderia ser.
silvia chueire
Se os dias, as palavras, os afetos a subirem-me pela face forem generosos e o meu olhar agudo,talvez escreva um poema, um conto. Por ora são anotações esparsas. In the meadow. Ao som do mar.
segunda-feira, 26 de junho de 2006
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Um comentário:
Segurando no pescoço do "elemento", meio que sacolejando o mesmo, esse "escuta" faz acordar qualquer ser vivente. E morrente tb, isso, claro, se já não estiver enterrado. Na mosca, Silvia. Na mosca. (não a dos mortos, mas na dos vivos)
bjos
Ilidio
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