sexta-feira, 11 de maio de 2007

Árabes - XLII

























O momento

O trabalho toma as pernas e braços
dos homens todos os dias,
enche-lhes as horas de ocupações.
Eles pensam que são responsáveis
e que todos os jardins existem em função deles.

Nós calamos a ânsia de liberdade,
calamos o olhar atrás das burkas,
a boca cerrada, a alma em torvelinho.
E fingimos, os poemas encerrados nas mãos,
quase não existir.

Maternalmente cuidamos dos homens
com os olhos distraídos nas panelas e crianças
e regamos cada face masculina de vaidade.
Mas sabemos que as flores e as crianças nascem
porque as acalentamos e aos homens neste amor.
Alimentamos seus sonhos de superioridade
despidas de orgulho,
pela sobrevivência do que foi sempre ensinado,
A sabedoria disfarçada na arquitetura diária.

E tecemos nossas estratégias
a esperar o momento melhor.
O momento do grito,
da liberdade.
O momento.


Silvia Chueire

Nenhum comentário:

  Caos   Pandemônio instalado; as pessoas agarram sua sanidade a correr rua abaixo.   Há uma cachoeira -de mentes – a galope n...