um dia pode parecer um ano
se olho para a pujança da mata
a ser invadida pelas casas
as nuvens pesam sobre o morro
e há tanto a dizer
mas o silêncio anda colado ao tempo
e pesa com o domingo
silvia chueire
Se os dias, as palavras, os afetos a subirem-me pela face forem generosos e o meu olhar agudo,talvez escreva um poema, um conto. Por ora são anotações esparsas. In the meadow. Ao som do mar.
quarta-feira, 30 de janeiro de 2008
sábado, 26 de janeiro de 2008
minha
tua lâmina me acaricia o pescoço,
desce-me pelo colo,
toca-me o ventre.
a lâmina do teu desejo
é minha.
silvia chueire
desce-me pelo colo,
toca-me o ventre.
a lâmina do teu desejo
é minha.
silvia chueire
quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
dois poemas curtos
última
uma última palavra no ano
martela os minutos
uma palavra esculpida
pelo vento
adeus
teu país
pronunciei ternamente
o nome do teu país
ele era meu
na combustão da tarde
silvia chueire
uma última palavra no ano
martela os minutos
uma palavra esculpida
pelo vento
adeus
teu país
pronunciei ternamente
o nome do teu país
ele era meu
na combustão da tarde
silvia chueire
domingo, 20 de janeiro de 2008
nada fica no tempo
nada fica no tempo
nem a memória do riso
a sacudir-me de puro prazer
quando me falas
nem o absoluto estremecer
do meu corpo
quando me beijas
nada fica
mas enquanto estão aqui
são a razão e o sentido
de tudo
silvia chueire
nem a memória do riso
a sacudir-me de puro prazer
quando me falas
nem o absoluto estremecer
do meu corpo
quando me beijas
nada fica
mas enquanto estão aqui
são a razão e o sentido
de tudo
silvia chueire
segunda-feira, 14 de janeiro de 2008
dorme
dorme entre os dedos
a rosa viva
no meio da noite
e os lábios dizem
a palavra impossível
lâmina em meio ao delírio.
no escuro os olhos cantam
uma canção liberta
o corpo desorientado
sabe apenas ser corpo
uma harpa estremece,
embala os cabelos
a irem e virem
e um nome improvável.
silvia chueire
a rosa viva
no meio da noite
e os lábios dizem
a palavra impossível
lâmina em meio ao delírio.
no escuro os olhos cantam
uma canção liberta
o corpo desorientado
sabe apenas ser corpo
uma harpa estremece,
embala os cabelos
a irem e virem
e um nome improvável.
silvia chueire
segunda-feira, 7 de janeiro de 2008
mais uma
só mais uma noite
no auge do verão.
não importa se estás surda ou muda,
se as árvores se mexem ao vento,
o ar te queima a paz,
se a angústia te agarra as pernas,
ou mais um ano se vai.
é uma noite apenas.
silvia chueire
no auge do verão.
não importa se estás surda ou muda,
se as árvores se mexem ao vento,
o ar te queima a paz,
se a angústia te agarra as pernas,
ou mais um ano se vai.
é uma noite apenas.
silvia chueire
quinta-feira, 3 de janeiro de 2008
não espero
eu tinha sentimentos vagos e pensava
que o mundo era assim
não previa a geometria de cada gesto
a expectativa da morte alheia
não estava nos meus planos
- talvez estivesse, disseram-me –
sob as minhas pálpebras
derramavam-se inquietações
aprendi a ter calma
dei-lhes as mãos
dormi com elas
não concebia outro corpo como se fosse meu
perdia-me em baladas noturnas
pelo gosto acre doce
do sol a nascer
vivia cada horizonte diário
cada horizonte, o último
hoje não me evado do silêncio
deixo-me nele
numa nostalgia estúpida do que não
nada espero
silvia chueire
eu tinha sentimentos vagos e pensava
que o mundo era assim
não previa a geometria de cada gesto
a expectativa da morte alheia
não estava nos meus planos
- talvez estivesse, disseram-me –
sob as minhas pálpebras
derramavam-se inquietações
aprendi a ter calma
dei-lhes as mãos
dormi com elas
não concebia outro corpo como se fosse meu
perdia-me em baladas noturnas
pelo gosto acre doce
do sol a nascer
vivia cada horizonte diário
cada horizonte, o último
hoje não me evado do silêncio
deixo-me nele
numa nostalgia estúpida do que não
nada espero
silvia chueire
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