para a.f.
nada disto é explicável.
nenhuma das palavras surpreendentes
que dissemos.
nem quando ou porque surgiu o amor.
não se explica a sensibilidade
extrema no seu nascimento,
o cuidado,
o desvelo dos gestos.
nunca soube porque entendia
mesmo o que não dizias,
nem como soubeste de mim, sempre.
nossos beijos,
as mãos, as bocas,
a percorrerem o mundo
dos corpos no amor.
como nos abandonamos,
sem receio.
o que os lábios sabiam antes de nós,
a pele, os olhos.
a intensidade deste encontro
nadando nas pálpebras,
nos dias.
a estender-se nas palavras.
nunca sei,
não se explica o amor.
silvia chueire
Um comentário:
Não. Não se explica, embora se entenda.E mesmo que eu não seja o a.f, seu poema me fez sentir navegar em outras pálpebras. Portanto isso é bom, para todos nós.
bjos
Ilidio
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