domingo, 30 de setembro de 2007

do poema - fuga


estou sentada
e olho os minutos
atravessados nas pessoas.
olho-os quase descrente
de que o tempo não se desdobre
em palavras ou ações todo o tempo.

as horas são um conjunto ilógico
de pragmatismos, estatísticas,
cidades a desmoronarem,
humanos desencontrados.
o poema foge de nós
dentro da noite.

eu sei, estou sentada e vejo
a fuga para o lugar obscuro
que habitava, antes
que eu o chamasse.
mas há crianças exangues,
bombas, cadáveres.
há silêncio mortal em meio ao sangue.

estou sentada como se fosse imune
e o tempo falasse comigo
a contar-me histórias antigas
para me distrair.
distraio-me de mim mesma.
mas o tempo, o mundo,
batem à porta dos meus olhos,
sem piedade.

e o poema esconde-se
nalgum vão da vida
o poema e o sentimento de mundo.


silvia chueire

Nenhum comentário:

  Caos   Pandemônio instalado; as pessoas agarram sua sanidade a correr rua abaixo.   Há uma cachoeira -de mentes – a galope n...